Tudo é questão de despertar a alma.  A frase célebre do livro Cem anos de solidão, faz parte de uma das obras do escritor Gabriel Garcia Marquez, e sua primeira edição foi publicada em 1967 e, se esgotou em menos de 3 semanas. De lá para cá, a literatura, apesar de ter sido escrita há 50 anos é atemporal e, a sua história inspirou vários célebres, entre eles, o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, que têm a trama como leitura obrigatória recomendada

Em cem anos de solidão, os gêneros literários se misturam, através dos relatos de situações que envolvem drama, comédia e fantasia. E, tudo acontece na cidade fictícia de Macondo, que tornou-se sinônimo de absurdos e bizarrices, durante um século.

O romance conta a história da família Buendía. José Arcadio é um homem sonhador que, em muitas vezes aparentava ser louco, e a sua prima, com quem era casado, Úrsula Iguarán, uma mulher mais forte e decidida.  A união não era bem vista pela sociedade, uma vez que, para eles, o casamento poderia gerar filhos com anomalias, desde monstros, até crianças com rabo de porco, por exemplo.

Com medo, o casal decide mudar e fundam um pequeno povoado, os 03 filhos gerados deste relacionamento recebem os nomes de outros familiares, e em meio a tantos José Arcadios e Aurelianos Buendías, a história ganha vida e, em muitas vezes, os personagens se misturam e são marcados pelas características físicas e psicológicas dos seus herdeiros. Assim, todos os Josés são impulsivos, extrovertidos e trabalhadores, os Aurelianos são pacatos, estudiosos e vivem apenas dentro do seu mundo interior, enquanto as Amarantas, são as típicas donas de casa de uma família de classe média do século XIX.

A história se desenrola no relato desta geração, dos seus filhos, bisnetos e trinetos, e todos são acompanhados pela matriarca da família, que viveu entre 115 anos e 122 anos em algum lugar da América Latina.

A obra que recebeu o prêmio Nobel de literatura em 1982 traz à tona o realismo mágico, além de temas complexos que abordam as revoluções, casos de incestos, corrupções e até loucura, e pode ser considerada uma metáfora da realidade latino-americana.

O escritor colombiano, cuidou de todos os detalhes para que, a história fosse narrada com elementos que prendessem à atenção do leitor: os personagens em situações inusitadas são o ápice da trama que os convida para mergulharem na leitura. Mulheres trancadas por décadas em um local escuro, uma população que perdeu a memória e uma caminhada de vinte e seis meses, são alguns dos fatos contados no livro.

O ponto culminante da história se dá no surgimento de ciganos com invenções fantásticas desvendadas através de pergaminhos pela família Buendías. São eles, os responsáveis em apresentar um novo mundo desconhecido causando pânico, especulação, dúvida e admiração entre os seus habitantes.

E, com o passar do tempo, os personagens nascem e morrem, vão embora e voltam, ou permanecem na aldeia até os seus últimos dias. No entanto, a solidão que sentem, mesmo vivendo em meio a muitos, é o sentimento que eles possuem em comum. Assim, se justifica o nome da trama: Cem anos de solidão. Cada qual no seu drama, parecem estar sempre lutando contra a realidade, mesmo sabendo do mundo fictício e, isso lhes deixa à beira da destruição.

A leitura da obra requer muita concentração, já que os inúmeros personagens surgem a todo momento e, nos remetem aos nomes de seus antepassados. É difícil distinguir quem é quem, neste emaranhado familiar que carrega, cada qual, ao longo das suas vidas uma confusão de caminhos que, na grande maioria são ausentes da verdadeira felicidade.

Para os leitores da ficção, os descendentes Buendía parecem imortais e, isso se dá justamente pelo conhecimento e sabedoria passado por gerações. A essência desta família às avessas é encontrada nas características que cada um apresenta em forma de cruz nas suas testas, símbolo da morte para a grande maioria e a felicidade de um só.

No final, a história é relatada apenas por um membro de carne e osso, e assim é descoberto que apenas Aureliano Babilônia existe de verdade.  O personagem principal descoberto no fim da trama, lê a história da sua família, escrita cem anos antes. E, o drama não para por aí, já que ele inundado pelo peso de tantas vidas passadas, morre, ao saber que as suas gerações anteriores jamais poderão vivenciar outro destino na terra.

Assim, a pacata Macondo se perde ao longo do tempo e a previsão do cigano Melquíades em seus pergaminhos é concretizada: A maldição da família Buendía, que envolve o nascimento de filhos de duas pessoas da mesma família com deformidades, já que Aureliano nasce com um rabo de porco. Encerra-se assim a arvore genealógica da família.

O relato da América Latina no livro de Gabriel García Marquéz

A história do surgimento da América Latina é diferente de todas as outras nações, quando falamos sobre a construção de sua identidade. Países em desenvolvimento, instabilidades políticas, aliados à falta de recursos na saúde, educação, beirando a pobreza são fatos motivados pelas ditaduras, guerrilhas e repressões marcaram uma época de solidão da sociedade. Assim, trazida para ficção por Gabriel García Marquéz, na esperança de uma realidade mágica na vida de seus personagens, ou inexistente, mas que em algum momento, tornava a vida acreditável, blindando-os de tudo que acontecia fora da cidade Macondo.

O autor da sua história

O escritor, jornalista e ativista político, Gabriel García Márquez nasceu no dia 6 de março de 1927, em Aracataca, Colômbia. Quando pequeno, viveu em Barranquilla, com os seus avós maternos, responsáveis pela sua infância. O avô, um veterano da Guerra dos Mil Dias contava-lhe histórias que foram cenários da grande maioria de suas obras literárias.

Viajado, conheceu várias partes do mundo e, como ativista político se tornou uma peça importante no diálogo com os governos latino-americanos. Na lista dos seus grandes amigos destacam-se Fidel Castro, de Cuba, e o ex-presidente francês François Mitterrand.

 

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